terça-feira, 30 de abril de 2013

Quando há mais de uma resposta correta no uso da crase - Crase - Uso da crase - Dicas de Português, Língua Portuguesa, Matéria Português, Português



Veja quando há mais de uma resposta correta no uso da crase

1. Vou à ou a minha casa?

Tanto faz. É um caso facultativo. Pode haver crase ou não. A diferença é a presença do pronome possessivo minha antes da casa. Antes de pronomes possessivos é facultativo o uso do artigo; sendo assim, facultativo também será o uso do acento da crase: “Vou a ou à minha casa.”; “Fez referência a ou à tua empresa.”; “Estamos a ou à sua disposição.”

O uso do acento da crase só é facultativo antes de pronomes possessivos femininos no singular (=minha, tua, sua, nossa, vossa).

Se for masculino, não há crase: “Ele veio a ou ao meu apartamento”; “Estamos a ou ao seu dispor.”

Se estiver no plural,

a)  haverá crase (preposição a + artigo plural as): “Fez referência às minhas ideias.”; “Fez alusão às suas poesias.”

b) não haverá crase (preposição a, sem artigo definido): “Fez referências a minhas ideias.”; “Fez alusão a suas ideias.”

2.    Ele se referiu à ou a Cláudia?

Tanto faz. É outro caso facultativo.

Antes de nomes de pessoas, o uso do artigo definido é facultativo. Portanto, em se tratando de nome de mulher, pode ou não ocorrer a crase.

Quando se trata de pessoas que façam parte do nosso círculo de amizades, com as quais temos uma certa intimidade, usamos artigo definido. Isso significa que devemos usar o acento da crase: “Refiro-me à Cláudia.” (=pessoa amiga)

Quando se trata de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade, não há o acento da crase porque não usamos artigo definido antes de nomes de pessoas desconhecidas ou não amigas: “Refiro-me a Cláudia.” (=pessoa desconhecida ou não amiga)

Antes de nomes próprios de pessoas célebres não se usa artigo definido. Isso significa que não haverá acento da crase: “Ele fez referência a Joana d’Arc.”; “Fizeram alusão a Cleópatra.”


VOCÊ SABE…

…qual é a origem das palavras anfiteatro e apogeu? E de onde vem a expressão “entrar com o pé direito”?

1. Anfiteatro é uma palavra de origem grega. Juntamos o teatro, que já conhecemos, com “anfi”, que quer dizer “dois”.

É interessante lembrarmos os anfíbios, que são aqueles animais de “duas vidas” (anfi+bio), porque vivem na terra e na água.

O teatro tradicional é aquele em que temos o palco para apresentações e à sua frente fica a plateia. Ao juntarmos dois teatros, temos um anfiteatro. Portanto, um anfiteatro é um teatro onde o público fica dos dois lados. O anfiteatro pode ser oval ou circular, com palco ou estrado e arquibancadas, para representações teatrais, aulas, palestras ou demonstrações. O Coliseu de Roma é um dos melhores exemplos de anfiteatro, daí o seu nome “colosso de Roma”.

Hoje em dia, as praças de touros e os estádios de futebol poderiam ser chamados de anfiteatros.

2. Apogeu, no sentido figurado, quer dizer o mais alto grau. Uma pessoa pode atingir o apogeu da sua carreira; um império, o apogeu do seu domínio. O sentido figurado está bem próximo do original.

Apogeu vem do grego e significa o ponto mais distante de um astro em relação à Terra. É a junção de “apo” (=afastamento, distante) com “geo” (=Terra). Daí a geografia, que descreve a Terra; e a geologia, que estuda a terra, o solo. Apogeu significa, portanto, “distante da Terra”. É o ponto da órbita de um astro em que ele atinge o afastamento máximo em relação ao nosso planeta.

3. Metaforicamente, um astro do futebol e uma estrela do cinema atingem o apogeu quando chegam ao ponto mais alto de suas carreiras.

Mesmo quem se considera livre de qualquer superstição às vezes se sente tentado a dar uma “ajudinha” ao destino. Afinal, o que custa, por exemplo, entrar com o pé direito numa sala onde uma decisão importante está para ser tomada?

Se você sofre esse tipo de sensação, está em boa companhia. O costume de entrar com o pé direito num lugar para evitar o mau agouro vem dos imperadores romanos, que exigiam que seus convidados usassem esse pé para entrar em seus salões.

A superstição “pegou” de tal forma que Santos Dumont, que era um gênio e portanto com direito a mais excentricidades do que qualquer mortal, chegou a construir em sua casa em Petrópolis uma escada onde só é possível subir ou descer com o pé direito, isto é, começando com o pé direito.



Dúvida dos leitores

“Qual é a forma correta: Não se deve ou devem cruzar os braços à espera de soluções?”

Existem autores que defendem as duas formas. Afirmam que o verbo no singular caracteriza uma indeterminação do sujeito.

Num concurso público ou numa prova de exame vestibular, entretanto, devemos seguir a gramática tradicional, que considera a partícula “se” apassivadora. Nesse caso, a frase está na voz passiva sintética e “os braços” é o sujeito. Assim sendo, o verbo deve concordar no plural: “Não se devem cruzar os braços…”, ou seja, “os braços não devem ser cruzados…”

O DESAFIO:

Qual é o significado de hidrofilia?

a)    raiva, tipo de doença contagiosa;

b)    absorvente, amigo da água;

c)    tratamento pela água do mar.



Resposta: letra (b). Hidro (água)+filia (amigo) = o algodão é hidrófilo porque absorve a água, é “amigo da água”.

Origem da expressão ‘de mão beijada’ - CRASE - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Entenda a origem da expressão ‘de mão beijada’ e de outras palavras

VOCÊ SABE…

…qual é a origem das palavras candidato e senador? E de onde vem a expressão “de mão beijada”?

Candidato vem de cândido. Candidatus, em latim, significa “puro, vestido de branco”. Na Roma antiga, os postulantes a cargos no governo usavam branco, para transmitir a ideia de pureza e honradez, que normalmente associamos à cor branca. Da mesma forma, a palavra cândida indica limpeza, pureza, tecido alvo.

Hoje, nas democracias, marcadas por escolhas periódicas de representantes do povo, os candidatos se vestem de muitas outras cores, inclusive ligadas aos partidos que representam, mas a palavra candidato permaneceu. O que não deixa de ter certa ironia, pois muitos candidatos sacrificam a ideia de pureza e honradez, em nome de pragmatismos pouco louváveis.

No entanto, na hora de escolher em quem votar, seria bom ter em mente a origem da palavra, e verificar se o nosso candidato faz jus a esse nome. E cobrar dos eleitos a coerência com as promessas feitas durante a candidatura, quando a maioria se comporta como se realmente vestisse uma túnica imaculada, da pureza e da candura.

 Senador e senado vêm do latim sen, senex, que quer dizer “velho, idoso”. Portanto, senado é uma assembleia ou conselho de anciãos.

Essa tradição vem de muito longe, quando o poder nas tribos primitivas era exercido pelos mais velhos e mais sábios.

É interessante observarmos outras palavras da língua portuguesa que tem sua  origem em sen, senex: senil, senilidade, sênior, senhor.

Receber alguma coisa “de mão beijada” quer dizer receber gratuitamente, sem encargos e retribuições, de entrega espontânea.

A expressão surgiu no século XV, quando os súditos agradeciam uma doação do Rei beijando-lhe a mão. Na igreja, fiéis que faziam doações  eram recompensados pelo privilégio de poder beijar a mão do papa. Nessas cerimônias, chamadas muito apropriadamente de “beija-mão”, os fiéis mais ricos ofertavam terras, prédios ou outros presentes valiosos. A expressão foi documentada em 1555. O papa Paulo IV dividiu as oferendas a Deus em dois tipos: ao pé do altar ou de mão beijada. De lá para cá, a expressão se tornou popular para simbolizar favorecimentos. Normalmente, ofertas de mão beijada são recebidas com desconfiança, lembrando outra frase popular: quando a esmola é muita, o santo desconfia.



CRASE – Parte 5

1.    Ele escreve a ou à Jorge Amado?

Depende. Se ele está escrevendo “para Jorge Amado”, não há o acento da crase: “Ele escreve a Jorge Amado.” (=para Jorge Amado)

Se ele escreve “à moda ”, “ao estilo” de Jorge Amado, o uso do acento grave é obrigatório: “Ele escreve à Jorge Amado.” (=ao estilo de Jorge Amado)

Usaremos o acento grave sempre que houver uma destas locuções subentendidas: “à moda de”, “à maneira de” ou “ao estilo de”: “Sapato à Luís XV.”; “Poesia à Manuel Bandeira.”; “Revolução à 1930.”; “Vestir-se à 1800.”; “Filé à francesa.”; “Bife à milanesa.”

Em “Moramos em São Paulo de 1958 a 1960”, não há crase porque não há artigo definido antes de 1960. Em “Elas se vestem à 1960”, há acento grave porque subentendemos “à moda de 1960”.

Se os nossos cardápios fossem bem escritos, em português é claro, teríamos um “festival de crase”: “Viradinho à paulista.” (=à moda de São Paulo); “Tutu à mineira.” (=à moda de Minas); “Camarão à baiana.” (=à moda da Bahia); “Churrasco à gaúcha.” (=à moda gaúcha).

Observe que neste caso o acento grave deve ser usado mesmo antes de palavras masculinas: “Churrasco à Osvaldo Aranha.” (=à moda de Osvaldo Aranha)



DÚVIDAS DOS LEITORES

Leitores perguntam: “Gostaríamos de saber se a palavra pizza já foi aportuguesa para “píteça” e, ainda, como se escreve a palavra cara pintada (com ou sem hífen). E qual é o plural dessa palavra?”

Usamos a palavra pizza na sua forma original. Não conheço registro da forma aportuguesada (“píteça”).

Quanto à palavra cara-pintada, escrevemos com hífen e seu plural segue a regra das palavras compostas por substantivo+adjetivo, ou seja, os dois elementos formadores vão para o plural: caras-pintadas.



DESAFIOS

1º) Qual é o significado de diáfano?

a) translúcido, transparente;

b) um feriado religioso;

c) uma figura de estilo.



2º) Qual é o significado de aerofagia?

a)    quando um animal come insetos voadores;

b)    falta de ar;

c)    o ato de engolir ar excessivamente.



Respostas:

1º) Letra (a). Dia (trans = através) + fano (luz). Um véu diáfano é transparente, ou seja, a luz atravessa.

2º) Letra (c). Aero (ar) + fagia (comer, engolir). A aerofagia, por exemplo, provoca o soluço.

Crase - Uso da Crase quando há (ou não) crase - Gramática - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Vendeu ‘a vista’ ou ‘à vista’? Veja se a crase está correta nesse caso

Vendeu a ou à vista?

Se alguém “vendeu a vista”, deve ter vendido “o olho” (a vista = objeto direto). O desespero era tanto, que um vendeu o carro, o outro vendeu o rim e esse vendeu a vista.

Se não era nada disso que você queria dizer, então a resposta é outra: “vendeu à vista”, e não a prazo (à vista = adjunto adverbial de modo).

Observe que nesse caso não se aplica o “macete” da substituição do feminino pelo masculino (à vista > a prazo).

Por causa disso, há muita polêmica e algumas divergências entre escritores, jornalistas, gramáticos e professores.

Acentuamos o “a” que inicia locuções (adverbiais, prepositivas, conjuntivas) com palavra FEMININA: à beça; à beira de; à cata de; à custa de; à deriva; à direita; à distância; à espreita; à esquerda; à exceção de; à feição de; à força; à francesa; à frente (de); à luz (“dar à luz um filho”); à mão; à maneira de; à medida que; à mercê de; à míngua; à minuta; à moda (de); à noite; à paisana; à parte; à pressa; à primeira vista; à procura de; à proporção que; à queima-roupa; à revelia; à risca; à semelhança de; à tarde; à toa; à toda; à última hora; à uma (=conjuntamente); à unha; à vista; à vontade; às avessas; às cegas; às claras; às escondidas; às moscas; às ocultas; às ordens; às vezes (=algumas vezes, de vez em quando)…

As locuções adverbiais indicam lugar, tempo, modo…

“Entrou à direita.”

“Está à distância de um metro.” (=adjuntos adverbiais de lugar);

“Só voltará à tarde.”

“À última hora, desistiu.” (=adjuntos adverbiais de tempo);

“Saiu andando à toa.”

“Falou tudo às claras.” (=adjuntos adverbiais de modo).

Nas locuções prepositivas, só haverá o acento grave com palavras femininas: à custa de, à procura de, à mercê de, à moda de…

Não há acento grave em locuções com palavras masculinas:

“Falávamos a respeito do jogo de ontem.”

As duas locuções conjuntivas (=ligam orações) dão ideia de “proporção”:

“A sala fica cheia à proporção que os convidados vão chegando.”

“À medida que o tempo passa, ele fica mais irresponsável.”



VOCÊ SABE…



…qual é a origem da gravata? E de onde vem a expressão “conto do vigário”?

Os reis da França, principalmente os Luíses, entraram para a História com a fama, entre outras coisas, de vaidosos. Foi um Luís da França, mais precisamente Luís XIV, quem lançou a moda da gravata. Em 1660, um grupo de guerreiros do Royal Cravate, da Croácia, foi apresentado ao rei. Eles usaram para a ocasião uma tira de tecido amarrada no pescoço. Luís XIV gostou da novidade e adotou. Como tudo que o rei fazia era imitado pelos súditos, todos passaram a usar a tira de pano dos “cravates”, ou croácios, de onde surgiu o nome “gravata”.

Quando alguém é vítima de uma malandragem, de um engodo, diz que lhe passaram um conto do vigário.

A expressão é bem brasileira. Dizem que é mineira de Ouro Preto.

Segundo a primeira versão, tudo começou quando os espanhóis doaram uma imagem de Nosso Senhor dos Passos para a cidade. Dois padres, um da igreja de Nossa Senhora do Pilar, outro da de Nossa Senhora da Conceição, queriam a imagem em suas respectivas igrejas. Como não havia como julgar o merecimento, o padre do Pilar sugeriu uma maneira de resolver o conflito: colocar a imagem em cima de um burro, no meio do caminho entre as duas igrejas. A Nossa Senhora ficaria na igreja para onde o burro se dirigisse.

A sugestão foi aceita, e o burro levou a imagem para a igreja do Pilar. Se você está lembrado, essa era a igreja do padre que fez a sugestão. Mais tarde, descobriu-se que o tal padre também era dono do burro. Quer dizer que ele passou um conto do vigário no concorrente.

Essa versão pode ser a mais curiosa, mas provavelmente não é verdadeira.

Existiria outra lenda a respeito da imagem. Consta que ela foi trazida da Corte do Rio de Janeiro a Vila Rica em lombo de burro. Quando a caravana passou ao lado da igreja-matriz de Nossa Senhora do Pilar (inaugurada em 1733), o burro “empacou” e não houve jeito de fazer o animal prosseguir. Impressionados com a teimosia do bicho, os doadores concluíram que a bela imagem deveria ficar na matriz do Pilar, o que realmente aconteceu.

Há uma outra versão que me foi enviada por um leitor: “Conta-se que, com a chegada da família imperial portuguesa ao Brasil, diversos nobres a acompanharam. Ficou famosa a história de um nobre que se dizia herdeiro de um rico vigário português que havia falecido em Portugal. Apesar de sua condição de rico herdeiro, toda sua fortuna estaria ainda em Portugal. Enquanto aguardava sua chegada, frequentava festas, morava e comia de graça, tudo por conta da chegada da herança. Meses se passaram e as desculpas se sucediam, até o seu desaparecimento, deixando inúmeras dívidas e empréstimos não pagos. Todos os que acreditaram em sua história, caíram no “conto do vigário” e aquele que aplica golpes similares passou a ser chamado de vigarista.”

Vejamos o que observa um outro leitor: “Desde muito cedo, tive a curiosidade aguçada, perguntando-me o que teria a expressão conto do vigário a ver com o vigário ou o padre, propriamente. A pesquisa me levou a vicariu, do latim, que em português deu vicário e vigário. A primeira significa “o que faz as vezes de outrem ou de outra coisa”. A segunda, para o mestre Aurélio, é “o padre que faz as vezes do prelado”. Continua, portanto, presente a ideia de substituição. Consigna ainda o Prof. Aurélio por inteiro a expressão conto do vigário, no qual o termo vigário entra com todo o seu conteúdo de substituição.”

Espero que não seja eu quem tenha caído no conto do vigário. Será que existem mais versões ainda? É lógico que seria importante conhecer a verdadeira origem do conto do vigário, mas confesso que, quando o assunto é etimologia, não sei se o mais delicioso é encontrar a verdade ou ouvir tão curiosas versões.

Uso correto de cada uma das formas dos ‘porquês’ - PORQUE, POR QUE, PORQUÊ ou POR QUÊ? - MAL ou MAU? - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Entenda o uso correto de cada uma das formas dos ‘porquês’

O que mudou quanto ao uso dos PORQUÊS.
Alguns esqueminhas que visam tirar dúvidas ortográficas:



Caso 1 – PORQUE, POR QUE, PORQUÊ ou POR QUÊ?



1)    PORQUE é conjunção causal ou explicativa:

“Ele viajou, porque foi chamado para assinar contrato.”

“Ele não foi, porque estava doente.”

“Abra a janela porque o calor está insuportável.”

“Ele deve estar em casa porque a luz está acesa.”



2)    PORQUÊ é a forma substantivada (=antecedida de determinativo: artigos “o”, “um” ou pronomes “este”, “aquele”…):

“Quero saber o porquê da sua decisão.”

“A professora quer um porquê para tudo isso.”

“Ninguém entendeu aquele porquê.”



3)    POR QUÊ = antes de pausa, no fim de frase:

“Parou por quê?”

“Ele não viajou por quê?”

“Se ele mentiu, eu queria saber por quê.”

“Eu não sei por quê, mas a verdade é que eles se separaram.”

“Quero saber por quê, onde e quando?”



4)    POR QUE

a)    em frases interrogativas diretas ou indiretas:

“Por que você não foi?” (=pergunta direta)

“Gostaria de saber por que você não foi.” (=pergunta indireta)

b)    quando for substituível por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL, PELOS QUAIS, PELAS QUAIS:

“Só eu sei as esquinas por que passei.” (=pelas quais)

“É um drama por que muitos estão passando.” (=pelo qual)

“Desconheço as razões por que ela não veio.” (=pelas quais)

c)    quando houver a palavra MOTIVO antes, depois ou subentendida:

“Desconheço os motivos por que a viagem foi adiada.” (=pelos quais)

“Não sei por que motivo ele não veio.” (=por qual)

“Não sei por que ele não veio.” (=por que motivo – por qual motivo).



Caso 2 – MAL ou MAU?



1)    MAU é um adjetivo e se opõe a BOM:

“Ele é um mau profissional.” (x bom profissional);

“Ele está de mau humor.” (x bom humor);

“Ele é um mau caráter.” (x bom caráter);

“Tem medo do lobo mau.” (x lobo bom);



2)    MAL pode ser:

a)    advérbio (=opõe-se a BEM):

“Ele está trabalhando mal.” (x trabalhando bem);

“Ele foi mal treinado.” (x bem treinado);

“Ele está sempre mal-humorado.” (x bem-humorado);

“A criança se comportou muito mal.” (x se comportou muito bem);

b)    conjunção (=logo que, assim que, quando):

“Mal você chegou, todos se levantaram.” (=Assim que você chegou);

“Mal saiu de casa, foi assaltado.” (=Logo que saiu de casa);

c)    substantivo (=doença, defeito, problema):

“Ele está com um mal incurável.” (=doença);

“O seu mal é não ouvir os mais velhos.” (=defeito).



1. S ou SS ou Ç? Terminações: -SÃO ou -SSÃO ou -ÇÃO?

1.1. Substantivos derivados de verbos terminados em -GREDIR, -MITIR e -CEDER >> -SSÃO.

agredir >> agressão

progredir >> progressão

regredir >> regressão

admitir >> admissão

demitir >> demissão

omitir >> omissão

ceder >> cessão

conceder >> concessão

suceder >> sucessão



1.2. Substantivos derivados de verbos terminados em -ENDER, -VERTER e -PELIR >> -SÃO.

apreender >> apreensão

compreender >> compreensão

pretender >> pretensão

converter >> conversão

reverter >> reversão

subverter >> subversão

expelir >> expulsão

impelir >> impulsão

repelir >> repulsão



1.3. Substantivos derivados dos verbos TER e TORCER >> -ÇÃO.

ater >> atenção

reter >> retenção

deter >> detenção

Plural - Saiba como fica o plural das siglas e tire outras dúvidas - Uso do hífen com o prefixo “sub-“? - Qual é o plural de “camisa rosa”? - Uso do hífen com o prefixo “mini-“? - O correto é PORTFOLIO ou PORTIFÓLIO ou PORTFÓLIO? - O correto é SÊNIOR ou SENIOR? - Bife à cavalo OU bife a cavalo? - Após às 10h OU após as 10h? Até às 10h OU até as 10h? - Vai-e-vem OU vai e vem OU vaivém OU vaivem OU vai vem? - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Saiba como fica o plural das siglas e tire outras dúvidas

1ª) Plural de abreviaturas e siglas?

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), abreviaturas oficiais não fazem plural: 10kg, 20km, 8h…

Se escrevermos por extenso, o plural é normal: quilogramas, quilômetros, metros, horas…

Siglas fazem plural com a desinência “s”, sem apóstrofo: PMs, CPIs, IPVAs, Ufirs, Detrans…



2ª) Uso do hífen com o prefixo “sub-“?

Segundo o novo acordo ortográfico, a única alteração é o fato de o uso do hífen ter-se tornado facultativo antes de palavras começadas por “h”: subumano ou sub-humano, subepático ou sub-hepático.

Nos demais casos, a regra é a mesma anterior ao novo acordo: só há hífen se a palavra seguinte começar por “b” ou “r”: sub-base, sub-bibliotecária; sub-raça, sub-reino, sub-reitor…

Isso significa que, diante de palavras começadas por qualquer letra diferente de “h”, “b” e “r”, devemos escrever sem hífen: subaquático, subemprego, subeditor, subitem, subchefe, subprefeitura, subsolo, subsecretário…



3ª) Qual é o plural de “camisa rosa”?

É “camisas ROSA”. Todo substantivo tomado como adjetivo torna-se invariável: camisas vinho, laranja; blusas abóbora, limão, violeta; sapatos gelo, areia; passeatas monstro…



4ª)  Uso do hífen com o prefixo “mini-“?

Segundo o novo acordo ortográfico, prefixos com duas sílabas ou mais, terminados por vogal (anti, contra, auto, infra, sobre, mini, micro, mega, tele…), só devem ser grafados com hífen se a palavra seguinte começar por “h” ou “vogal igual”: anti-herói, anti-inflacionário, contra-ataque, auto-hipnose, auto-observação, infra-hepático, infra-assinado, sobre-erguer, sobre-humano, micro-ondas…

Com as demais letras, devemos escrever “tudo junto”: antivírus, antissemita, antirracista, contraindicado, autoatendimento, infraestrutura, ultrassom, sobrecoxa, sobretaxa, megaempresário, televendas, telessexo…

Com o elemento “mini-“, devemos aplicar a mesma regra: mini-hospital, mini-internato, minidicionário, minissaia, minirreforma…



5ª) O correto é PORTFOLIO ou PORTIFÓLIO ou PORTFÓLIO?

Em inglês, não há acento; em português, deveria ter acento.

Deveria ser “portifólio”, mas essa grafia não está registrada.

No mais novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), publicado pela Academia Brasileira de Letras, a forma oficial é PORTFÓLIO. É assim que devemos escrever.



6ª) O correto é SÊNIOR ou SENIOR?

Em bom português, devemos escrever com acento circunflexo: SÊNIOR. O acento gráfico se justifica pela regras das paroxítonas terminadas em “r”: revólver, repórter, mártir, éter, hambúrguer, contêiner, júnior…

Sênior e júnior, no plural, perdem o acento gráfico devido à mudança de posição da sílaba tônica: seniores e juniores.

As demais palavras mantêm o acento gráfico porque se tornam proparoxítonas: repórteres, mártires, hambúrgueres, contêineres…



7ª) Bife à cavalo OU bife a cavalo?

Embora seja um caso polêmico, prefiro “bife à cavalo” (= à moda de), assim como “churrasco à Osvaldo Aranha”, “bacalhau à Gomes de Sá”…



8ª) Após às 10h OU após as 10h? Até às 10h OU até as 10h?

No primeiro caso não há discussão: não há crase após uma preposição, pois, assim, não há a preposição “a” necessária para que ocorra a crase: “Saiu após as 10h”, “Está aqui desde as 10h”, “A reunião foi transferida para as 10h”, “Teve de se explicar perante a justiça”…

No caso da preposição ATÉ, em Portugal, aceita-se o seu uso com a preposição A. Isso tornaria a crase facultativa. No Brasil, porém, isso não é usual; sugiro, portanto, que usemos “até as 10h” sem o acento indicativo da crase.



9ª) Vai-e-vem OU vai e vem OU vaivém OU vaivem OU vai vem?

Há duas formas registradas: vai e vem (sem hífen) e vaivém (junto e com acento agudo).

No caso da forma VAI E VEM, segundo o novo acordo ortográfico, palavras compostas com elemento de conexão só mantêm os hifens se forem palavras ligadas à zoologia ou à botânica: joão-de-barro, copo-de-leite. Nos demais casos, não há mais hífen: mão de obra, dona de casa, quartas de final, dia a dia, disse me disse, sobe e desce, vai e vem…

No caso da forma VAIVÉM, o acento gráfico se justifica pela regra das oxítonas terminadas em “em/ens”: porém, alguém, também, refém, reféns, armazém, armazéns, parabéns, vaivém, vaivéns…

Plural - Você sabe qual é o plural de ‘mulherzinha’? E de ‘balãozinho’? - Gramática - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Você sabe qual é o plural de ‘mulherzinha’? E de ‘balãozinho’?

1. “Mulherzinhas ou mulherezinhas?”

O plural das palavras cujo diminutivo é feito com o sufixo “zinho” deve obedecer à seguinte regra: 1o) pôr a palavra primitiva no plural (sem o “s”); 2o) acrescentar o sufixo “zinho” mais o “s”.

Observe o esquema: papelzinho – papei+zinho+s = papeizinhos; balãozinho – balõe+zinho+s = balõezinhos; animalzinho – animai+zinho+s = animaizinhos; florzinha – flore+zinha+s = florezinhas.

Assim sendo, segundo a regra, o plural de mulherzinha seria mulherezinhas (mulhere+zinha+s).

Devido ao uso consagrado, entretanto, é aceitável também a forma mulherzinhas. Isso vale para as palavras terminadas em R: florezinhas ou florzinhas, mulherezinhas ou mulherzinhas, barezinhos ou barzinhos, melhorezinhos ou melhorzinhos…



2. “Luzinhas ou luzezinhas?”

No caso das palavras luzinha e cruzinha, o sufixo para o diminutivo é “inho” (a letra “z” pertence à raiz da palavra). Não se aplica, portanto, a regra acima. Basta pôr a desinência “s”: luzinhas e cruzinhas.



3. “Ultrasonografia tem um ou dois esses?”

Segundo o novo acordo ortográfico, quando usamos prefixos dissílabos terminados em vogal (auto, contra, extra, anti, sobre, mini, tele, micro, ultra…), só usamos hífen se a palavra seguinte começa por “h” ou vogais iguais: auto-hipnose, auto-observação, contra-ataque, anti-inflamatório, sobre-erguer, mini-internato, mini-hospital, micro-ondas…

O correto, portanto, é sem hífen: ultrassonografia, com dois esses para manter o som de /s/. Um esse entre duas vogais tem som de /z/.



4. “A palavra meio só varia quando for um adjetivo?”

A palavra meio só varia quando significa “metade”. Em geral, é numeral: “Comeu meia banana”; “Só leu meia página”; “Bebeu uma garrafa e meia de cerveja”; “É meio-dia e meia”. Pode ser adjetivo também: “Disse meias verdades”.



5. “Qual é o plural da palavra modem?”

A palavra modem vem de MODulador/DEModulador. Deve seguir o plural das palavras terminadas em “em”: jovem – jovens; ordem – ordens; homem – homens; modem – modens.

6. “Tem de ou tem que ser feito algo?”

Tanto faz. Em textos mais formais, prefiro “tem de”; em textos mais coloquiais, prefiro “tem que”. As duas formas são aceitáveis.



7. “Comunicamo-lhe ou comunicamos-lhe?”

O uso do pronome “lhe” em ênclise não afeta a forma verbal. Assim sendo, não cortamos o “s”. O certo é “comunicamos-lhe”. Cortamos o “s” quando usamos o pronome “nos”: encontramo-nos, reunimo-nos.



8. “Isso é um problema entre eu e o Pedro OU entre o Pedro e eu?”

Nem uma coisa nem outra. O correto é dizer “entre mim e o Pedro” ou “entre o Pedro e mim”. Por não ser o sujeito da oração, devemos usar o pronome oblíquo tônico (mim) em vez do pronome reto (eu).



9. “Quando podemos utilizar o verbo haver no plural?”

O verbo haver deve ser usado somente no singular quando significa “existir, ocorrer, acontecer” ou quando se refere a “tempo decorrido”: “Haverá muitas pessoas na reunião”; “Houve alguns incidentes”; “Havia dez anos que não nos víamos”.

Em outras situações, o plural é correto: “Os auditores se houveram bem no seu trabalho”; “Os dirigentes houveram por bem adiar a reunião”.

10. “Tudo que fizerem ou tudo o que fizerem?”

Tanto faz. O uso do pronome “o” não é obrigatório. Sem o pronome “o”, o pronome relativo “que” substitui o pronome indefinido “tudo”. Com o pronome “o”, é como se disséssemos “tudo aquilo que fizerem”. Nesse caso, o pronome relativo substitui “tudo aquilo”.

Crítica do leitor

Deu nesta coluna: “É interessante observar a discordância no primeiro caso: para a ABL é choparia; para o Aurélio é choperia. Proponho um chope para discutirmos o assunto.”

Comentário do leitor: “Acho que o senhor incorreu em algo que detesta: reduzir fatos linguísticos a discussões simplistas do tipo certo ou errado. Se ambos os sufixos têm vida corrente na língua, com função e significados idênticos, resta comprovar se a aplicação, escolha ou preferência de um sufixo em relação ao outro, na composição de determinadas palavras, é arbitrária ou resulta de condicionamentos morfofonéticos ou semânticos. A eufonia é que deve, provavelmente, ditar a escolha/exclusão de um ou outro sufixo. Fora isso, nada obstaria, a nosso ver, que se registrassem as duas grafias: uma como variante da outra.”

Também acho. Nada contra choparia ou choperia. Importante mesmo é o chope. Propus o chope exatamente porque não vejo motivo para optar por um e considerar o outro um “erro”. Por que não aceitar as duas formas?

Crase - Usos da Crase com ou sem acento - Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar

Você sabia que CRASE não é acento? Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois “aa”. Acento grave (`) é o sinal que indica a crase (a + a = à).

Para haver crase, é necessário que existam dois “aa”. O primeiro a é preposição; o segundo pode ser:



1)    artigo definido (a/as):

“Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta.” = “Ele se referiu à carta.”

“Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras.” = “Ele entregou o documento às professoras.”



2)    pronome demonstrativo (a/as):

“Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu pai.” = “Sua camisa é igual à do meu pai.”

“Ele fez referência a (preposição) + as (pronome = aquelas) que saíram.” = “Ele fez referência às que saíram.”



3)    vogal a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo:

“Ele se referiu a (preposição) + aquele livro.” = “Ele se referiu àquele livro.”

“Ele fez alusão a (preposição) + aquelas obras.” = “Ele fez alusão àquelas obras.”

“Prefiro isso a (preposição) + aquilo.” = “Prefiro isso àquilo.”



Observação 1: Se o verbo for transitivo direto, não há preposição, por isso não ocorre crase:

“A secretária escreveu (TD) a carta (OD).” (a = artigo definido)

“Ele não encontrou (TD) as professoras (OD).” (as = artigo definido)

“A testemunha acusou (TD) a da direita.” (a = pronome = aquela da direita)

“Não reconheci (TD) as que saíram.” (as = pronome = aquelas que saíram)

“Nós já lemos (TD) aquele livro (OD).”

“Ainda não vi (TD) aquilo (OD).”



Observação 2: Para comprovarmos a crase, o melhor “macete” é substituir o substantivo feminino por um masculino. Comprovamos a crase se o “à” se transformar em “AO”:

“Ele se referiu à carta.” (=ao documento)

“Ele entregou o documento às professoras.” (=aos professores)

“Sua camisa é igual à do meu pai.” (=seu casaco é igual ao do meu pai)

“Ele fez referência às que saíram.” (=aos que saíram)

Observe a diferença:

“A secretária escreveu a carta.” (=o documento)

“Ele não encontrou as professoras.” (=os professores)

“A testemunha acusou a da direita.” (=o da direita)

“Não reconheci as que saíram.” (=os que saíram)

“Ele se referiu a esta carta.” (=a este documento)

“Tráfego proibido a motocicletas.” (=a caminhões)

Este “macete” não se aplica no caso dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo.



VOCÊ SABIA…



…que secretária, originalmente, é o nome de uma escrivaninha com muitas gavetas e escaninhos para guardar documentos e dinheiro. É provável que quem tomava conta desse móvel, lidando com seu conteúdo,  acabou  sendo conhecido como secretário ou secretária.

A profissão de secretário, no entanto, existe desde antes de Cristo. Era um misto de escriba e soldado, que lutava de dia e fazia o relatório da batalha à noite. Que se sabe, o primeiro homem a escolher uma mulher para a tarefa de registrar suas batalhas foi Napoleão Bonaparte.

A secretária executiva de empresas, como conhecemos hoje, surgiu em 1877, em Nova Iorque. No Brasil, a profissão se firmou na década de 50, quando chegaram aqui as primeiras multinacionais.

Assim sendo, uma secretária, na sua origem, era para guardar segredos…





Dúvida do leitor: “…não respeitará quem se OPOR ou OPUSER…”?

Nesse tipo de construção frasal, devemos usar o verbo no futuro do subjuntivo: “…respeitará quem fizer, quem quiser, quem vier, quem souber…

Portanto, “…não respeitará quem se opuser…”



O DESAFIO



Qual é significado de anemômetro?

O anemômetro mede…

(a)  a velocidade do vento;

(b)  a pressão atmosférica;

(c)  o nível de glóbulos brancos.



Resposta de O DESAFIO:

Letra (a) = Anemômetro é o instrumento que mede a velocidade ou a intensidade do vento e, em alguns casos, a sua direção.

Crase - Uso da Crase - Saiba quando se deve usar a crase diante de nomes de lugar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Saiba quando se deve usar a crase diante de nomes de lugar

Vou a ou à Brasília?  Vou a ou à Bahia?

O certo é: “Vou a Brasília” e “Vou à Bahia”.

Por que só ocorre crase no segundo caso?

Quando vamos, sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposição “a”. O problema é que o nome do lugar aonde vamos às vezes vem antecedido de artigo definido “a”, às vezes não.

Enquanto Brasília não admite artigo definido, a Bahia é antecedida do artigo definido “a”. Isso significa que você “VAI À BAHIA” (=preposição “a” do verbo IR + artigo definido “a” que antecede a Bahia) e que você “VAI A BRASÍLIA” (=sem crase, porque só há a preposição “a” do verbo IR).

Se você quer saber com mais rapidez se deve IR À ou A algum lugar (com ou sem o acento da crase), use o seguinte “macete”:

Antes de IR, VOLTE.

Se você volta “DA”, significa que há artigo: você vai “À”;

Se você volta “DE”, significa que não há artigo: você vai “A”.

Exemplos:

“Você volta DA Bahia”      >      “Você vai à Bahia.”

“Você volta DE Brasília”   >      “Você vai a Brasília.”

Vamos testar o “macete” em outros exemplos:

“Vou à China.” (=volto DA China)

“Vou a Israel.” (=volto DE Israel)

“Vou à Paraíba.” (=volto DA Paraíba)

“Vou a Goiás.” (=volto DE Goiás)

“Vou a Curitiba.” (=volto DE Curitiba)

“Vou à progressista Curitiba.” (=volto DA progressista Curitiba)

“Vou à Barra da Tijuca.” (=volto DA Barra da Tijuca)

“Vou a Botafogo.” (=volto DE Botafogo)

No Rio de Janeiro, a linha 1 do nosso metrô é bem interessante: só ocorre crase num caso:

“Vou à Tijuca.” (=volto DA Tijuca);

“Vou a Ipanema.” (=volto DE Ipanema).

É importante lembrar que este “macete” não se aplica a todos os casos de crase. Na verdade, ele resolve o problema das “viagens”: IR à ou a, DIRIGIR-SE à ou a, VIAJAR à ou a, CHEGAR à ou a …

Vamos testar o “macete”.

“Uma estrada liga a Suíça a Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”

Em que “estrada” ocorre crase?

Você acertou se respondeu a primeira. Por quê?

Porque só há artigo definido antes da Itália. Observe o “macete”: “volto DA Itália” e “volto DE Portugal”. Portanto: “Uma estrada liga a Suíça à Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”



Vou à ou a Roma? Vou à ou a antiga Roma?

O certo é: “Vou a Roma” e “Vou à antiga Roma”.

Podemos usar o “macete” do verbo VOLTAR:

“Volto DE Roma” e “Volto DA antiga Roma”.

Observe que não há artigo antes de Roma. O artigo aparece se houver um adjetivo ou termo equivalente:

“Vou a Paris.” (=volto DE Paris)

“Vou à Paris dos meus sonhos.” (=volto DA Paris dos meus sonhos)

“Vou a Porto Alegre.” (=volto DE Porto Alegre)

“Vou à bela Porto Alegre.” (=volto DA bela Porto Alegre)

“Vou a Londres.” (=volto DE Londres)

“Vou à Londres do Big Ben.” (=volto DA Londres do Big Ben)





VOCÊ SABIA…

…que o segredo era guardado a “quatro chaves”, e não “a sete chaves”?

Quem já não ouviu alguém dizer que tal objeto está trancado a sete chaves? Ou que o segredo ou sigilo será guardado a sete chaves?

Pois é, essa é uma expressão muito popular da nossa língua, seja para dizer que um objeto está guardado num local muito seguro, seja para dar ideia de que um segredo será guardado a qualquer custo. Mas como surgiu essa expressão?

Na realidade, a origem dessa expressão está em outro país e num número diferente de chaves.

Em Portugal, no século XII, existiam arcas de madeira muito sólida que possuíam quatro – e não sete – fechaduras. Nessas arcas eram guardados documentos, segredos, ouro, joias e outros objetos de valor relevante para o governo português. Cada uma das quatro chaves era entregue a ocupantes de cargos de confiança no governo e às vezes até o próprio rei portava uma das chaves. Assim, essas arcas só podiam ser abertas se os quatro portadores das chaves as utilizassem ao mesmo tempo.

Acredita-se que a expressão se refere a sete e não quatro chaves, devido à mística que envolve o número cabalístico sete, como em “hidra de sete cabeças”, “serpente de sete línguas” ou “botas de sete léguas”.



Crítica dos leitores



Lemos em alguns jornais: “Homossexuais e lésbicas…”

Nossos leitores têm razão. Há quem pense que “homo” de homossexuais venha de “homem”. “Homo” significa “igual”; portanto as lésbicas também são homossexuais. Não é uma questão de preconceito. É desconhecimento da origem da palavra e do seu real significado.



O DESAFIO

Quinquênio é um período de…

a)    cinco anos;

b)    quinze anos;

c)    cinquenta anos.



Resposta do DESAFIO: letra (a) = quinquênio é um período de cinco anos.

‘Eu reavejo ou reavenho?’ Veja a qual a forma correta - “Gauchês” - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



‘Eu reavejo ou reavenho?’ Veja a qual a forma correta

Meus amigos do sul estão querendo testar o meu grau de “gauchês” ou, como disse um mais mordaz, até onde eu já “acarioquei” e perdi minhas raízes.
Outro dia, falei aqui a respeito do meu “neurônio remanescente” e afirmei que a velhice tem dois sintomas: tenho a certeza de que o primeiro é a falta de memória; do segundo ainda não consegui me lembrar.

Estou “levemente” desconfiado de que estão me chamando de velho, por isso resolveram testar a minha memória. Vamos ao teste.

“Professor, você se lembra de algum “amigo secreto”, em algum dia do seu passado comeu “bolo abatumado”, viu algum “beque abrir o açougue”, “levou algum trompaço no meio das aspas”, contou alguma “atochada”, ficou “atucanado”, comeu como um “bagual”, namorou alguma “bagaceira”, conheceu um “baita balaqueiro” e um “boi-corneta”, levou uma “bangornada” na cabeça ou, pelo menos, levou uma “biaba”,morou em uma “biboca”, falou muita “bobajada” e participou de um “bolo-vivo”?”

A maioria dos meus leitores deve ter “boiado” completamente. Os mais jovens não devem ter entendido “patavina”.

Para quem não entendeu coisa alguma e para provar quanto a minha memória é boa, e quanto as minhas raízes porto-alegrenses estão vivas, vamos à resposta do teste e às devidas explicações.
“Amigo secreto”, no sul, é aquela troca de presentes que, aqui no Rio, chamamos “amigo oculto”. Por sinal, segundo o espírito da brincadeira o nome “amigo secreto” me parece mais coerente. Um bolo “abatumado” é o mesmo que bolo “solado”, ou seja, a massa fica pesada por falta de fermento em quantidade adequada. Um “beque abre o açougue” quando um zagueiro do Grêmio começa a jogar violentamente, dando pontapés ou “entradas” desleais nos atacantes colorados. “Levar um trompaço nas aspas” é bater com a cabeça, mais precisamente com os chifres. “Atochada” é uma mentira e “atucanado” é preocupado, aborrecido, nervoso, talvez estressado. “Bagual” verdadeiramente é um cavalo arisco (não castrado) e é, ainda hoje, usado para designar uma coisa boa, muito especial. “Bagaceira” é uma coisa ou mulher desprezível, pobre, tida como baixa, vagabunda. Um “baita balaqueiro” é um grande mentiroso, é aquele que “canta muitas vantagens”, e “boi-corneta” é o sujeito do contra, o negativo, o pessimista. Levar uma “bangornada” na cabeça é levar uma batida forte, um golpe ou, como se diz popularmente hoje, uma “porrada”, que, por sua vez, vem de porretada, golpe de porrete. Levar umas “biabas” é levar uns tapas. Morar numa “biboca” é num lugar pequeno, numa vila ou cidadezinha distante, pobre e de difícil acesso. “Bobajada” são besteiras, bobagens.

E, por fim, o “bolo-vivo”, que merece uma descrição: dança ritual que se fazia nos aniversários de 15 anos das meninas. Eram 15 pares em círculo, com velas acesas. No meio, a aniversariante começava a dançar uma valsa com o pai. Depois, todos os casais também dançavam, à medida que a aniversariante apagava a vela de cada casal. Se você achou um pouco ridículo, não fale. Eu também sempre achei, mas alguns “bolos-vivos” foram até interessantes…

O verbo REAVER

1. Eu REAVEJO ou REAVENHO ?
Nenhum dos dois.
O verbo REAVER é defectivo: no presente do indicativo, só há nós REAVEMOS e vós REAVEIS; no presente do subjuntivo, nada; no pretérito e no futuro, segue o verbo HAVER.
A solução é “eu estou reavendo” ou substituir por um sinônimo: “eu recupero”.

2. Eles REAVERAM ou REAVIRAM ?
É a “famosa” dúvida do nada com coisa alguma. Nenhum dos dois.
O certo é REOUVERAM, porque REAVER é derivado do verbo HAVER: ele houve – ele REOUVE; nós houvemos – nós REOUVEMOS; eles houveram – eles REOUVERAM; se eu houvesse – se eu REOUVESSE; quando ele houver – quando ele REOUVER.

Crase?
Leitor quer saber qual é a forma correta: “O horário da reunião é de 8 às ou as 17 horas”.
Nem uma coisa nem outra.
Escreva: “O horário da reunião é das 8h às 17h”.

Abreviaturas?
Dúvida de uma leitora: “Verifiquei que o senhor escreve 21h30. Qual é o correto: 21h30min ou 21h30?”
Oficialmente é 21h30min, mas no jornalismo, por uma questão de espaço, prefiro 21h30.
Coisas da vida.


DESAFIO
Qual é a forma correta?
1)    O ____________ (chipanzé ou chimpanzé) fugiu do circo.
2)    Os _____________ (extratos ou estratos) sociais do Brasil são menos injustos do que os da Índia.
3)    O governo agiu com ______________ (descortino ou descortínio) na solução da questão.

Respostas:
1. Tanto faz. O Vocabulário Ortográfico da ABL e o novo dicionário Aurélio registram as duas formas: chimpanzé e chipanzé (como forma variante).
2.  ESTRATO. “Estratos sociais” são “camadas sociais”.
3. DESCORTINO. “Descortino” vem de “descortinar”, que significa “tirar a cortina”, “avistar, descobrir, antever”.

Fonte: G1 Dicas de Português

‘Gauchês’ - Teste os seus conhecimentos sobre palavras em ‘gauchês’ - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Teste os seus conhecimentos sobre palavras em ‘gauchês’

Alguns exemplos das nossas particularidades linguísticas.

Consegue traduzir a frase a seguir: “Uma china que era um verdadeiro canhão subia a lomba. Na porta do boteco, um gambá que bebia mais uma ceva solta uma gaitada. E a guria logo perguntou: qual é o teu pastel?”

Vamos às respostas: china (mulher), canhão (mulher muito feia), lomba (ladeira), gambá (bêbado), ceva (cerveja), gaitada (gargalhada), guria (menina), qual é o teu pastel? (que você pretende?, qual é a sua intenção?).

E agora observe as deliciosas definições que o nosso professor Fischer dá para alguns termos tipicamente gaúchos:

“TRI – Advérbio de uso universal em porto-alegrês. Em geral, quer dizer “muito”: um sorvete pode ser “tribom”; uma mulher pode ser “trigostosa”; uma comida pode ser “trirruim”…”

Daí o famoso “trilegal”.

“COREIA – Não sei por que cargas d’água assim se chamava o espaço existente no glorioso Estádio José Pinheiro Borba, popularmente conhecido como Gigante da Beira-Rio, destinado aos torcedores com menos dinheiro, que por isso mesmo ficam de pé o tempo todo. No Rio, no Maracanã, chamava-se a isso de “geral”.”

“COLORADO – Sujeito de alto discernimento espiritual, que prefere torcer por um time de elevados méritos, o Sport Club Internacional, mesmo quando perde. Diferente do gremista, que é um sujeito melancólico, raivoso, de baixa espiritualidade. Vem direto do espanhol, em que tem sentido de “da cor vermelha”, que aliás é linda, sem nenhum preconceito.”

“DEU PRA TI – Expressão das mais interessantes e das menos compreendidas fora daqui. Se alguém diz para outro “deu pra ti”, está dizendo que chegou, que o cara pode cair fora, pode tirar o cavalo da chuva, já foi suficiente…”

 

DÚVIDAS DOS LEITORES

Leitora quer saber se a frase a seguir está correta: “Sendo que a anuidade e a manutenção do mesmo encontra-se quitado até junho de 2011.”

Temos três observações a fazer:

1. Há um erro de concordância: “…a anuidade e a manutenção encontram-se quitadas…”

2. Em vez de “encontram-se”, melhor seria dizer “estão quitadas”. Em cartas comerciais o verbo “encontrar-se” é usado excessivamente. Virou moda e ficou muito chato.

3. Sugiro também que se evite o uso da palavra “mesmo” como pronome substantivo (=substituindo algum termo anterior). Além de ser um modismo típico de cartas comerciais, caracteriza pobreza vocabular e, em geral, obriga o leitor a reler o texto. É preferível usar sinônimos ou pronomes pessoais.

 

NORMATIZAR ou NORMALIZAR?

Leitor me critica: “Você reproduziu em sua coluna uma observação na qual se lia ‘…unidades são normatizadas…’ Normatizar? Como você deixou passar em branco uma aberração como essa?”

Meu caro leitor, veja o que diz a novíssima edição do dicionário Aurélio: “NORMATIZAR – Estabelecer normas para; submeter a norma(s).”

Isso significa que o neologismo já está devidamente registrado.

Sei perfeitamente que muitas empresas no Brasil preferem usar apenas o verbo NORMALIZAR, no sentido de “tornar normal” e de “estabelecer normas”.

A maioria, entretanto, prefere fazer a diferença: NORMALIZAR = tornar normal; NORMATIZAR = estabelecer normas.

Se você prefere o verbo NORMALIZAR, eu respeito; no entanto considerar o verbo NORMATIZAR uma aberração são outros quinhentos.

 

DESAFIOS

1º) Devemos ou não usar o acento da crase na frase:

“Seus 10.000 exemplares ensinam as crianças a importância de respeitar as placas de sinalização, utilizar as passarelas e avisar a concessionária quando há animais soltos na pista.”

Vamos às respostas:

1ª) Devemos “ensinar às crianças a importância de respeitar as placas

de sinalização” (=ensinar aos alunos a importância…);

2ª) Devemos “avisar à concessionária quando há animais soltos na

pista” (=avisar ao responsável quando há animais na pista).

 

2º) Qual é a forma correta: “Superávit do balanço de pagamentos atinge US$1,3 BILHÃO ou BILHÕES”?

Resposta: US$ 1,3 BILHÃO, ou seja, um bilhão e 300 milhões de dólares.

Três dicas com regras simples para usar a vírgula sem erro - Vírgula - Uso da vírgula - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Veja três dicas com regras simples para usar a vírgula sem erro

O uso da vírgula é uma eterna dor de cabeça. Em razão disso, para atender aos insistentes pedidos de muitos leitores, voltamos ao assunto.



Uso da VÍRGULA – Parte 1

Regras práticas:

1ª.- A vírgula deve ser usada para separar ENUMERAÇÕES, TERMOS e ORAÇÕES INDEPENDENTES ENTRE SI (núcleos de um sujeito composto, orações coordenadas assindéticas, termos de uma série não ligados pelo conectivo “e”):

1. O diretor, os assessores e os coordenadores se reuniram ontem à tarde.

(núcleos de um sujeito composto);

2. Eles chegaram cedo, discutiram o assunto, resolveram tudo.

(orações coordenadas assindéticas);

3. Necessitamos adquirir canetas, papel, borrachas, lápis.

(enumeração – termos de uma série).

Observe a importância da vírgula neste caso:

- O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária, do diretor e do coordenador. (=Ele foi com três pessoas);

- O presidente compareceu à reunião, acompanhado da secretária do diretor e do coordenador. (=Agora ele foi só com duas pessoas – O diretor não foi, e a secretária é a do diretor e não do presidente).

2ª.- A vírgula deve ser evitada antes da conjunção aditiva “e”:

1. O diretor e os assessores se reuniram ontem à tarde.

2. Nesta empresa, os funcionários podem trabalhar e estudar.

Observações:

a) – A vírgula deve ser usada antes da conjunção “e” com valor ADVERSATIVO:

Já são dez horas, e (=mas ) a reunião ainda não terminou.

b) – A vírgula deve ser usada quando o conectivo “e” liga orações com sujeitos diferentes:

Os funcionários reclamavam, e a direção atendeu.

c) – A vírgula pode ser usada quando o conectivo “e” tem valor consecutivo ou enfático:

Os trabalhadores se reuniram, discutiram, e decidiram como agir.

Chegou, e viu, e lutou, e venceu finalmente.

d) – O conectivo “e”, em fim de enumeração, tem o valor de terminalidade:

Foram chamados vários funcionários: João Carlos, Pedro Sousa, Luísa e Cláudio Luís. (=Chamaram só estes quatro);

Foram chamados vários funcionários :João Carlos, Pedro Sousa, Luísa, Cláudio Luís.(=Estes são quatro dos que foram chamados. Pode haver mais)

- Não se usa a vírgula antes do conectivo “ou” (conjunção alternativa):

Não sei se ele trabalha ou estuda.

Uso da VÍRGULA – Parte 2

3ª.- A vírgula deve ser usada antes das conjunções ADVERSATIVAS (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto) e CONCLUSIVAS (logo, portanto, por isso, por conseguinte, então): “Ele sempre se dedicou à empresa, porém nunca foi promovido.” “Ele sempre se dedicou à empresa, por isso será promovido.”

Observações:

a) – As conjunções ADVERSATIVAS e CONCLUSIVAS, quando deslocadas, devem ficar entre vírgulas: “Ele sempre se dedicou à empresa, nunca foi, porém, promovido.” “Ele sempre se dedicou à empresa, será, portanto, promovido.”

b) – A conjunção POIS, com o valor CONCLUSIVO, deve ficar entre vírgulas: “Ele sempre se dedicou à empresa, será, pois, promovido.” (= portanto)

c) – A conjunção POIS, com o valor EXPLICATIVO ou CAUSAL, pode ou não vir antecedida de vírgula: “Ele deverá ser promovido, pois se dedica à empresa.” (= porque)


Uso da VÍRGULA – Parte 3

4ª – A vírgula PODE ser usada para separar a oração principal da subordinada adverbial (causal, concessiva, condicional, final, temporal…): “Ele foi promovido, porque sempre se dedicou à empresa.”(causal); “Ele foi promovido, embora não se dedicasse muito à empresa.”(concessiva); “Eles só será promovido, caso se dedique mais à empresa.”(condicional); “Ele desenvolveu o projeto, conforme nós orientamos.”(conformativa); “Ele tem se dedicado muito, para que possa ser promovido.”(final); “Ele só assinará o contrato, quando receber toda a documentação.”(temporal).

Observações:

a) – A vírgula DEVE ser usada quando a oração adverbial estiver deslocada: “Embora não se dedicasse à empresa, ele foi promovido.” “Solicitamos, caso seja possível, o seu comparecimento a este setor.” “Conforme nos foi solicitado, estamos enviando todos os documentos.” “Os computadores, quando foram introduzidos na empresa, trouxeram várias consequências.”

b) – A vírgula DEVE ser usada quando a oração reduzida* estiver deslocada:

“Encerrado o prazo, adotamos novas medidas.” (reduzida de particípio); “Os representantes, gritando muito, encerraram a reunião.” (reduzida de gerúndio); “Ao reduzir o déficit, pudemos pensar em desenvolvimento.” (reduzida de infinitivo).

*  Oração reduzida não apresenta conectivo e o verbo aparece nas formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Uso da Vírgula - Regras - Observações - Regras e observações sobre o uso da vírgula - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Veja outras regras e observações sobre o uso da vírgula

Regras e observações sobre o uso da vírgula.


Uso da VÍRGULA – Parte 4

5ª.- A vírgula DEVE ser usada quando o adjunto adverbial (de tempo, de lugar, de modo…) estiver deslocado: “O técnico analisou o problema no seu último relatório.” (ordem direta – sem vírgula); “No seu último relatório, o técnico analisou o problema.” (adjunto adverbial deslocado); “O técnico, no seu último relatório, analisou o problema.” (adjunto adverbial deslocado).

Observação:

Esta regra não é rígida. A vírgula pode ser omitida, principalmente em frases curtas e com adjuntos pequenos: “Ontem, os representantes visitaram o sindicato.” Ou “Ontem os representantes visitaram o sindicato.”



Uso da VÍRGULA – Parte 5

6ª.- A vírgula deve ser usada quando a oração adjetiva é EXPLICATIVA: “Dr. José Cláudio dos Santos, que é o coordenador do projeto, viajou a São Paulo.” “Nossa empresa, que foi fundada em 1988, já apresenta um alto faturamento.” “A natureza deve ser respeitada pelo homem, que é um ser mortal.” (= todo homem é mortal)

Observações:

a) – O APOSTO EXPLICATIVO também deve ficar entre vírgulas: “O coordenador do projeto, Dr. Paulo Henrique de Assis, viajou a serviço.” (=cargo exclusivo); “Nossa empresa, a maior fabricante de calçados do Brasil, pretende desenvolver outras atividades.”

b) – A vírgula DEVE SER EVITADA quando a oração adjetiva é RESTRITIVA: “Devemos respeitar o homem que trabalha.” (não é todo homem que trabalha); “Não encontrei os documentos que você me enviou.” (aqueles que você me enviou).

Observe a importância da vírgula neste caso: “Os funcionários, que se dedicaram à empresa, devem ser aumentados.” (entre vírgulas – oração EXPLICATIVA = todos se dedicaram e serão aumentados) – “Os funcionários que se dedicaram à empresa devem ser aumentados.” (sem vírgula – oração RESTRITIVA = só os que se dedicaram devem ser aumentados).



7ª.- A vírgula deve ser usada para separar o VOCATIVO (expressão de chamamento): “Deve, Sr. Presidente, confiar nestas ideias.” “Meus caros amigos, não sei se fui claro.”

Observe a importância da vírgula: “Dr. José Carlos vem aqui. (sem vírgula – é uma afirmação) – “Dr. José Carlos, vem aqui.” (com vírgula – é um chamamento)

Observações:

Não devemos separar com vírgula:

a) SUJEITO e VERBO: “Os computadores podem acarretar duas consequências.”

b) VERBO e COMPLEMENTOS: “Os computadores podem acarretar duas consequências.” “Comunicamos aos presentes a chegada do Diretor.”

c) ORAÇÃO PRINCIPAL e ORAÇÃO OBJETIVA: “Ele disse que não viria.” “Não sabemos quando eles voltaram.” “Solicitamos a V.Sa. que permaneça na sala.”



Uso da VÍRGULA – Parte 6

8ª.- A vírgula deve ser usada para separar os incisos explicativos, retificativos ou continuativos (por exemplo, ou melhor, isto é, a saber, ou antes, aliás, digo, por assim dizer, além disso…): “O gerente era muito respeitado, ou melhor, muito temido.” “Ele deve, por exemplo, ouvir mais os seus funcionários.”



9ª.- A vírgula deve ser usada para separar orações intercaladas: “Só o presidente, creio eu, pode resolver este caso.” “A diretoria, convém lembrar, não se reúne há três meses.”



10ª.- A vírgula deve ser usada para separar termos deslocados: “A sala, acredito que já tenha sido alugada.” (acredito que a sala já tenha sido alugada); “Os inspetores, parece que não chegaram.” (parece que os inspetores não chegaram).

Observações:

a) A vírgula também deve ser usada em caso de PLEONASMO ou ANACOLUTO.

1 – Aos empregados, o nosso sucesso lhes devemos. (Pleonasmo=repetição);

2 – Dinheiro, quem não está precisando disto? (Anacoluto).



11ª.- A vírgula pode ser usada também para marcar a supressão do verbo: “Tu buscas a terra e eu, os céus.” (busco); “Ele não nos entende nem nós, a ele.” (entendemos).



12ª.- A vírgula deve ser usada para separar o nome da localidade nas datas: ”Rio de Janeiro, 9 de setembro de 2012.



DESAFIO

Onde está o erro?

“A empresa entende que deve tornar público os seus princípios e a sua filosofia de vida.”

Resposta:

Há um erro de concordância. O adjetivo “público” se refere aos “princípios” e à “filosofia de vida”. Deve, por isso, concordar no masculino plural: “…tornar públicos os seus princípios e a sua filosofia de vida”.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Pretérito mais-que-perfeito - Entenda as formas do pretérito mais-que-perfeito do verbo ‘dizer’ - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Entenda as formas do pretérito mais-que-perfeito do verbo ‘dizer’

1ª) “Que eu saiba, o pretérito mais-que-perfeito do verbo dizer é dissera. Tinha dito é particípio passado. Tô certo ou tô errado?”

Meu caro leitor, você “tá mais ou menos certo e mais ou menos errado”.

Quanto à forma do mais-que-perfeito do verbo DIZER, você está certíssimo. O problema é que você se esqueceu da forma composta, ou seja, dissera é a forma simples do mais-que-perfeito do indicativo, e tinha dito é a forma composta. Assim sendo, nós temos duas opções: fizera ou tinha feito; saíra ou tinha saído; pusera ou tinha posto; viera ou tinha vindo…

2ª) Gostaria de saber a razão pela qual sempre se usa “No domingo que vem, TEM mais”, em vez de “No domingo que vem, HÁ mais”.

Eu já expliquei aqui o porquê da preferência pelo verbo TER. Mas vale a pena repetir.

Sei perfeitamente que, segundo o padrão culto da língua portuguesa, devemos evitar o uso do verbo TER com o sentido de “haver, existir”. Entretanto, como já foi explicado, para se despedir, muitos optam por uma linguagem mais coloquial, com um tom mais familiar. Só isso.

3ª) “Concordo com as regras dos chamados pecados mortais da crase do professor Édison de Oliveira “em regra”. A exceção que confirma uma delas é o caso em que há uma palavra ou expressão oculta. Por exemplo: Filé à (moda) Oswaldo Aranha – ou seria “churrasco”?”

O nosso leitor tem razão. Como bom gaúcho, deve ser churrasco mesmo. Quanto aos “pecados mortais”, é importante lembrar que são apenas “dicas”. Quando afirmamos que não ocorre a crase antes de palavras masculinas, é apenas para facilitar um pouco a vida daqueles que consideram a crase a “coisa mais difícil da língua portuguesa”. O caso do “churrasco à Oswaldo Aranha” não é propriamente uma exceção, e sim uma outra situação.

E o nosso leitor também tem razão quando afirma que devemos usar o acento grave indicativo da crase sempre que houver a palavra “moda (ou estilo) subentendida: “filé à milanesa”, “vestir-se à 1970”, “escrever à Camões”…

4ª) Leitor: “A confusão continua. O senhor insiste em chamar acento grave de crase. Por favor, pare com isso.”

Tecnicamente, o nosso leitor está certíssimo. O acento (`) chama-se grave, e crase é o fenômeno fonético em que ocorre a fusão de duas vogais iguais (a+a=à). Assim sendo, não devemos dizer que o “à” está craseado. O certo é dizer que a vogal “a” recebeu o acento grave (`) para indicar que ocorre uma crase (=fusão da preposição “a” com outro “a”).

Tenho a certeza de que, com essa explicação, ninguém mais vai continuar fazendo confusão. Agora o uso do acento grave indicativo da crase ficou “bem mais fácil” de ser entendido…

5ª) Saiu nesta coluna: “em textos que exijam uma linguagem formal, devemos evitar o uso da expressão em anexo”.

Os leitores têm razão: é uma questão de estilo. Eu prefiro a forma “anexo” a “em anexo”. Só isso. É lógico que o uso de “em anexo” também está correto. Não afirmei que estava errado. Apenas afirmei que prefiro: “O formulário segue ANEXO a EM ANEXO”.

Se alguém preferir fazer outra consulta, a Moderna Gramática Portuguesa do meu querido mestre Evanildo Bechara também registra as duas formas.

“Levar ele” ou “Levá-lo”?

Pergunta de um leitor: “Gostaria de saber se o que saiu publicado numa revista é considerado aceitável ou se está errado mas passou batido: ‘Não deu para comprar um presentinho? Bobagem, leva ela para passear a assistir uma pelada no Sol Ipanema, tomar um chope’. Que tal?”

O que explica, mas não justifica, o desrespeito às regras gramaticais é o fato de o texto apresentar um tom coloquial.

A norma padrão ainda condena o uso do pronome reto (ele, ela) na função do objeto e a regência do verbo assistir (=ver, presenciar) como transitivo direto.

Em textos formais, que exijam o padrão culto da língua portuguesa, devemos usar:

LEVÁ-LO, em vez de “levar ele”;

(Os pronomes pessoais oblíquos “o, a, os, as” devem ser usados na função de objeto);

ASSISTIR A uma pelada, em vez de “assistir uma pelada”.

(O verbo ASSISTIR, no sentido de “ver, presenciar”, é transitivo indireto).



MORTO ou FALECIDO?



Comentário de um leitor: “Toda vez que nossos jornais fazem alusão a pessoas já falecidas, é assim noticiado: ‘Darci Ribeiro, morto no ano tal…’ Parece que o ilustre antropólogo foi morto por alguém, que sua morte não foi decorrente de causas naturais.”

Concordo com o nosso leitor. Embora morto e falecido sejam palavras sinônimas, o uso da forma “morto” pode causar ambiguidade. Nesses casos, prefiro a forma falecido, embora não seja usual no meio jornalístico.

Concordância Ideológica - Como Aplicar - Exemplos - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Veja exemplos de como aplicar a ‘concordância ideológica’

1ª) Observação do leitor: Em “Por mais que os brasileiros estejamos anestesiados com tantos casos de corrupção…”, a concordância do verbo está correta? Ora, o sujeito (os brasileiros) está na 3ª pessoa do plural (eles). A frase correta seria “…os brasileiros estejam…”, a menos, é claro, que o verbo fosse antecedido por “nós, os brasileiros”. Essa estranha mescla seria um novo estilo? Ou a inovação não passa de mero modismo?”

Segundo a lógica gramatical, você tem razão. Se o sujeito (=os brasileiros) está na 3ª pessoa do plural, o verbo deve concordar na 3ª pessoa do plural (=estejam).

O que você chamou de “estranha mescla” é uma figura de estilo chamada silepse. É uma figura de sintaxe em que a concordância é feita com uma ideia subentendida, e não segundo a lógica gramatical. É também conhecida por concordância ideológica. No caso em questão (=os brasileiros estejamos), há uma silepse de pessoa (= 3ª pessoa com 1ª pessoa). O verbo está concordando com a ideia subentendida (= nós, os brasileiros; eu também, porque sou brasileiro). É o mesmo caso de “Todos decidimos adiar as provas”, ou seja, subentende-se “todos nós; todos inclusive eu”. Segundo a lógica gramatical, seria “Todos decidiram adiar as provas”.

2ª)  Fala, leitor: “Como eu continuo a aperfeiçoar o meu português, estou enviando mais uma pergunta. Na frase “Napoleão, como fossede baixa estatura, chamavam-lhe os seus soldados o nosso pequeno corporal”, o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo está correto?”

Meu caro leitor, sua dúvida procede. Como Napoleão era realmente baixo, é um fato e não uma hipótese, devemos usar o modo indicativo em vez do subjuntivo. Assim sendo: “Napoleão, como era de baixa estatura, chamavam-lhe os seus soldados…”

3ª) Leitora quer saber: “Qual é a forma correta para um material revestido de borracha: aborrachado ou emborrachado? Certa de que seria emborrachado, fui ao Aurélio e ao Michaelis, e, para minha surpresa, emborrachar só aparece com a definição de embriagar-se. Seria, então, aborrachado, como acolchoado, aveludado…?”

Minha querida leitora, nada de conclusões apressadas. Não há registro de “aborrachado” no dicionário Michaelis, nem no novíssimo Aurélio, nem no Vocabulário Ortográfico da ABL. Quanto ao emborrachado, os dicionários mais antigos só registram o sentido de “embriagado”, mas a última edição do dicionário Aurélio já apresenta o adjetivo emborrachado nos dois sentidos: “embriagado” e “revestido de borracha”.

Portanto, já podemos comemorar o nascimento do “emborrachado” no sentido de “revestido de borracha”. Mas não é por isso que vamos nos emborrachar.

4ª) Comentário de outra leitora: “Não sei como foi comentada a concordância nos painéis informativos da CET-Rio, onde se lê: Condições do trânsito: BOM, LENTO etc.”

O trânsito pode estar BOM ou estar LENTO. As condições do trânsito podem estar BOAS, mas as condições jamais estarão “LENTAS”.

Apesar do seu rigor, o registro está feito.

O uso da língua nem sempre segue regras rigorosas. Um pouco de flexibilidade faz bem. O subentendido faz parte do uso da língua portuguesa no Brasil. Se assim não fosse, ninguém “ligaria o ar”. Se alguém não entendeu, é bom lembrar que, no Brasil, “ligar o ar” é perfeitamente entendido. Não preciso pedir que “se ligue o aparelho de ar-condicionado”.

Não conformidade ou Não-conformidade?

Crítica de uma leitora: “Há tempos aprendi. Quando o “não” ligar-se a um substantivo, usamos hífen: não-conformismo, não-intervenção, não-flexão, não-pagamento, não-quitação; quando o “não” ligar-se a um adjetivo, não usamos hífen: não descartável, não durável, não flexionado, não resolvido…

Assim sendo, devemos usar não-conformidade, pois conformidade é substantivo.

Como explicar o não-governamental?”

Essa “regrinha” nunca foi muito respeitada. Na verdade, o Vocabulário Ortográfico da ABL e os nossos dicionários apresentavam vários adjetivos com hífen: não-engajado, não-esperado, não-formatado, não-verbal…

Agora o problema acabou: segundo o novíssimo VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), publicado pela Academia Brasileira Letras após o novo acordo ortográfico, NÃO HÁ HÍFEN após o elemento NÃO usado como prefixo.

Assim sendo, todas as palavras formadas com o elemento NÃO devem ser escritas SEM HÍFEN: não conformidade, não agressão, não pagamento, não fumante, não governamental…

DESAFIO                

Qual é a forma correta?

“As estradas estão…

a)    mal conservadas;

b)    mal-conservadas; ou

c)    malconservadas.”



                   A resposta correta é MALCONSERVADAS (tudo junto, sem hífen).

Quanto ao uso de MAL como prefixo, o novo acordo manteve a regra antiga: só há hífen se a palavra seguinte começar por H ou VOGAIS: mal-humorado, mal-amado, mal-educado, mal-intencionado.

Com as demais letras, devemos escrever sem hífen: malconservado, malcriado, malformado, maldizer, malpassado, malmequer…

FUTURO do SUBJUNTIVO - ‘Se eu ver’ ou ‘se eu vir’? Veja como conjugar o futuro do subjuntivo - CRASE - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



‘Se eu ver’ ou ‘se eu vir’? Veja como conjugar o futuro do subjuntivo

Formação do FUTURO do SUBJUNTIVO
O futuro do subjuntivo indica um futuro hipotético.
É usado principalmente em orações condicionais (se…) e temporais (quando…).
Deriva-se da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (trocar a terminação “ram” por “r”): eles fizeram (– “ram”) > fize (+ r) = se eu fizer ou quando eu fizer; eles trouxe(ram) = quando eu trouxer; eles quise(ram) = se eu quiser…
Veja mais exemplos:

Infinitivo  – Pret. Perf. Ind. (3ª plural) = Fut. do Subj. (se ou quando…)
DIZER     – Eles disse(ram)               = disser
PÔR        – Eles puse(ram)                = puser
SER e IR – Eles fo(ram)                     = for
VIR          – Eles vie(ram)                   = vier
VER         – Eles vi(ram)                     = vir
É por isso que o futuro do subjuntivo do verbo VER fica: “se eu vir o filme”; “quando você vir o resultado do teste”; “quando nos virmos novamente”; “se vocês virem a verdade”…


CRASE?
Observação do leitor: “Lendo sua coluna, estranhei a crase na frase ‘Isso não está adequado à nossa empresa’. Favor corrigir-me se eu estiver errado, pois entendo que antes de pronome demonstrativo não se usa crase.”
Temos aqui uma pequena confusão. É correto afirmarmos que jamais ocorre a crase antes dos pronomes demonstrativos. O problema é que pronomes demonstrativos são este, esta, estes, estas, isto, isso, esse, essa…
Assim sendo, não haverá crase em:
“O diretor referiu-se a esta proposta.”
“Fazia referência a essa situação…”
Com pronomes demonstrativos, só é possível haver crase com os pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas e aquilo:
“O diretor referiu-se àquela proposta.”
“Fazia referência àquele fato.”
Na frase a que se refere o leitor, o que temos é um pronome possessivo: nossa. Nesse caso, quando o pronome possessivo está no feminino e no singular (minha, tua, sua, nossa e vossa), o uso do acento da crase é facultativo, porque pode haver o artigo definido ou não:
“Estamos a ou à sua disposição.”
“Isso não está adequado a ou à nossa empresa.”



LITERALMENTE existe?
Leitor afirma: “A palavra literalmente não existe. O Aurélio e o dicionário Michaelis não a registram.”
Existe sim.
Os advérbios de modo terminados em “mente” são derivados de adjetivos: rápido – rapidamente; leve – levemente; claro – claramente; suave – suavemente; literal – literalmente…
Os dicionários, em geral, só registram os adjetivos. Isso não significa que os advérbios derivados “não existam”.
Dizer que “a frase foi traduzida literalmente” significa que a frase foi traduzida “ao pé da letra”, ou seja, “sem nenhuma alteração”, “exatamente como foi escrita no texto original”.
Inadmissível é usar o advérbio “literalmente” com o sentido de “completamente ou totalmente”: “O atacante estava literalmente impedido”; “A janela está literalmente fechada”.
Pior ainda é usar “literalmente” em frases metafóricas:
“O estádio tornou-se literalmente um caldeirão”. Se fosse verdade, todos morreriam cozidos.
“Neste domingo, Neymar parou literalmente o Brasil”. Impossível, absurdo.
“Na entrevista coletiva, o técnico estava literalmente sem saco”. Sem comentários.


Brilhava OU brilhavam?
Leitora critica: “Na frase ‘era um pisca-pisca musical no qual brilhava cerca de 100 luzinhas’, o verbo brilhar pode ser usado no singular? Por quê? Porque ‘cerca de’ permite (ou exige?) que o verbo seja empregado no singular?”
Não exige nem permite. Minha querida e atenta leitora, pode ter sido apenas um erro de digitação. O verbo deveria estar no plural para concordar com o núcleo do sujeito (= luzinhas).
Quando usamos as expressões “cerca de”, “perto de”, “por volta de”, “em torno de”, o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito (=substantivo):
“Cerca de dez alunos compareceram à aula.”
“Perto de 200 candidatos já foram reprovados.”
“Por volta de 50 inscritos desistiram.”
“Em torno de 2 mil torcedores viajaram.”
Assim sendo, o certo é “…na qual brilhavam cerca de 100 luzinhas”.


DESAFIO
Qual é a forma correta:

“A sociedade ONDE ou EM QUE vivemos…”?

As duas formas são possíveis. Eu prefiro dizer “…a sociedade em que vivemos…”

Se nós vivemos “em algum lugar”, nós podemos usar o pronome “onde”. O problema é que “sociedade” não caracteriza bem um “lugar”, por isso prefiro usar a forma “em que”. Se fosse mundo, país ou cidade, não haveria dúvida alguma de que as duas formas estariam perfeitas: “…o mundo onde ou em que vivemos”.

Erro mesmo seria dizer “…a sociedade que vivemos…”

Aonde ou onde? Entenda as diferenças e veja dicas para não errar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Aonde ou onde? Entenda as diferenças e veja dicas para não errar

“Esta é a rua ONDE ou AONDE fica o nosso depósito”?

O mais adequado é: “Esta é a rua ONDE fica o nosso depósito.” ONDE significa “no lugar” (=o depósito fica NA RUA).

AONDE significa “ao lugar”. Só pode ser usado com verbos cuja regência pede a preposição “a” (IR, CHEGAR, DIRIGIR-SE, LEVAR…): “Esta é a praia AONDE fomos no sábado passado” (=fomos À PRAIA).

Observe a diferença: “Esta é a cidade ONDE ela nasceu” (=ela nasceu NA CIDADE); “Este é o bairro ONDE ele mora” (=ele mora NO BAIRRO); “Esta é a sala ONDE estamos” (=estamos NA SALA); “Esta é a cidade AONDE gosto de ir nas férias” (=gosto de ir À CIDADE); “Este é o estádio AONDE fui ontem” (=fui AO ESTÁDIO); “Este é o lugar AONDE ele quer chegar” (=ele quer chegar AO LUGAR).



CÂMARA OU CÂMERA

Carta do internauta: “A língua portuguesa vive me surpreendendo. Eu sempre acreditei que CÂMARA e CÂMERA tinham significados diferentes. Após o jornal O Globo ter informado que serão instaladas câmaras de vídeo no Túnel Rebouças, recorri ao Aurélio para confirmar o equívoco. Mas lá consta o seguinte: CÂMERA variante de CÂMARA.”

Meu caro internauta, você fez muito bem em recorrer ao Aurélio. É pesquisando que muitas vezes destruímos certas “verdades” que um dia aprendemos como sendo o “certo”.

Só discordo da sua primeira afirmativa. Neste caso, não é a língua portuguesa que nos causa a surpresa. A verdade é que a palavra CÂMERA sempre foi uma variante de CÂMARA. Não são apenas o novíssimo Aurélio e o dicionário Michaelis  que fazem tal afirmação. Na edição do grande Caldas Aulete, de 1970, já estava registrado CÂMERA como variante de CÂMARA.

Isso significa, portanto, independentemente do que aprendemos um dia no nosso passado próximo ou distante, que podemos dizer “câmera de vídeo e câmera fotográfica” ou, se preferirmos, “câmara de vídeo e câmara fotográfica”.

É como costumo dizer: nem sempre é uma questão de certo ou errado, muitas vezes é uma questão de preferência, é uma questão de estilo.



Curiosidade

Você sabia que DEPREDAR nada tem a ver com PEDRA. Não existe “depedração”, mas sim DEPREDAÇÃO.

DEPREDAR significa “destruir, devastar, saquear”. Para depredar não é necessário usar pedras.





O internauta quer saber

Por que a palavra TÁXI tem acento?

TÁXI é uma palavra paroxítona terminada em “i”. Todas as palavras paroxítonas terminadas em “i” ou “is” devem receber acento gráfico: táxi, táxis, júri, lápis, tênis…



A frase “As escolas melhores colocadas na pesquisa recebem prêmios” está correta?

Está errada. São as escolas MELHOR ou MAIS BEM colocadas. Advérbio é invariável. A palavra melhor só tem plural quando é adjetivo: “as melhores escolas…”

Melhore o seu vocabulário

“Parar, suster, aguentar” é …

(a)  pairar;
(b) abranger;
(c) angariar.



Resposta: letra (a). Quando ouvimos que “uma dúvida ainda pairava no ar”, significa que ainda “existia uma dúvida”, é como se uma dúvida ainda “voava, aguentava no ar”. ABRANGER é “conter em si, incluir” e ENGARIAR é “obter, pedindo a um e a outro; alcançar, granjear, recrutar”.



Teste da semana

Que opção completa corretamente as lacunas da frase “Os motivos __________ ele não veio foram ______ explicados”?

(a)  porque / mal;

(b)  por que / mal;

(c) porque / mau;

(d) por que / mau;

(e) por quê / mal.



Resposta do teste: letra (b). A palavra PORQUE deve ser escrita separadamente sempre que pudermos substituí-la por POR QUAL, PELO QUAL, PELA QUAL… Como são os motivos PELOS QUAIS ele não veio, devemos escrever “Os motivos POR QUE ele não veio”. E se os motivos não foram BEM explicados, é porque foram MAL explicados. MAL se opõe a BEM. MAU é o adjetivo que se opõe a BOM.

- Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras
Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.

Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.

Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.

A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.

É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.

Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.

Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.

Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?

Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.

E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.

E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que “startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?

O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…

O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…

E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.

Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.



TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO

O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”

A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.

Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.

Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:

TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
 TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.


Qual é o plural de SEM-TERRA?

Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”

As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.

Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

Palavras Estrangeiras - Saiba quando usar e quando evitar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras

Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.

Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.

Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.

A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.

É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.

Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.

Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.

Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?

Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.

E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.

E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que “startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?

O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…

O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…

E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.

Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.



TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO

O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”

A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.

Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.

Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:

TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
 TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.


Qual é o plural de SEM-TERRA?

Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”

As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.

Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

Palavras Estrangeiras - Saiba quando usar e quando evitar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa


Saiba quando usar e quando evitar as palavras estrangeiras
Na nossa campanha contra os modismos, chegou a hora de analisarmos o uso excessivo dos estrangeirismos.

Por muito tempo, em nossas escolas, os professores ensinavam como “erro” o uso de galicismos (palavras de origem francesa). Era proibido falar ou escrever abajur, chofer, detalhe… Éramos obrigados a substituir por quebra-luz, motorista e pormenor. E o tempo provou que estávamos enganados. Hoje, todos nós usamos – sem culpa ou pecado – abajur, chofer e detalhe. Temos até um belíssimo réveillon, na sua forma original.

Agora o inimigo são os anglicismos. Palavras e expressões inglesas infestam e poluem a nossa fala. Temos um festival de beach soccer, play off, delivery, shopping, brainstorming, software, marketing e tantos outros.

A presença de termos estrangeiros no uso diário de uma língua não é crime nem sinal de fraqueza. Ao contrário, é sinal de vitalidade. Só as línguas vivas têm essa capacidade de enriquecimento. A forte presença do inglês na língua portuguesa é reflexo da globalização, do imperialismo econômico, do desenvolvimento tecnológico americano etc. Poderíamos citar muitas outras causas, mas há uma em especial que merece destaque: a paixão do brasileiro em geral pelas “coisas estrangeiras”. Nós adoramos a grife, o carro importado, a palavra estrangeira. Tudo dá status.

É, portanto, um problema muito mais cultural do que simplesmente linguístico.

Valorizar a língua portuguesa, sim; fechar as portas, não.

Há no congresso um projeto de valorização da língua portuguesa. Valorizar nosso idioma é louvável, mas é um absurdo criar uma lei que possa vir a punir o seu João da esquina porque escreveu hot dog em vez de cachorro-quente.

Se aprovada, será mais um péssimo exemplo de lei a não ser cumprida neste país. Quem vai fiscalizar?

Não precisamos de lei para proteger a nossa língua. Necessitamos, sim, é de recursos para melhorar o nosso ensino, investir na educação, talvez criar um Instituto Machado de Assis, semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha.

E aí você me pergunta: e a Barra da Tijuca? Eu respondo: qualquer semelhança com Miami não é mera coincidência.

E é contra isso, contra os exageros, contra os modismos, que devemos lutar. A nossa crítica deve concentrar-se no ridículo, no “desnecessário”. Para que “sale”, se sempre vendemos? Por que “startar”, se podemos começar, iniciar, principiar? Se podemos entregar em domicílio, para que serve o ridículo “delivery”?

O modismo a ser criticado é esta lista imensa de palavras e expressões inglesas para as quais a nossa língua já está bem provida: beach soccer (futebol de areia), paper (documento), printar (imprimir)…

O aportuguesamento de termos estrangeiros também é uma boa saída. É só lembrar o futebol, o blecaute, o estresse, o balé, o filé, o chope, o espaguete…

E o que fazer com o dumping? Não conseguimos aportuguesar e não há em português uma palavra para traduzi-la: “é quando uma empresa faz preços abaixo do mercado para quebrar o concorrente”. É demais. Nestas horas, o termo estrangeiro é bem-vindo, pois enriquece a língua. E há outros bons exemplos: ranking, show, marketing, impeachment. São palavras devidamente incorporadas à nossa língua cotidiana.

Portanto, nada de radicalismos. É importante valorizar a língua portuguesa, mas nada de purismo e xenofobia.



TRIBUTO, TAXA e IMPOSTO

O internauta diz: “Na sua coluna você informa que taxa é ‘tributo, imposto; ou razão de juro’. No art.5, o Código Tributário Nacional distingue: ‘Os tributos são impostos, taxas, e contribuições de melhoria’. Vale dizer: tributo é gênero; impostos, taxas e contribuições de melhoria são espécies. Ou seja, taxa é tributo; mas não é imposto, que é outra modalidade de tributo.”

A definição da palavra taxa publicada nesta coluna é aquela que a maioria dos nossos dicionários apresenta.

Os meus amigos advogados já haviam me ensinado a diferença.

Usando uma linguagem mais simples para que todos nós, leigos, possamos entender:

TAXA – Tipo de tributo para o qual há uma contrapartida, a prestação de um serviço por exemplo. Nós pagamos a taxa do lixo para que a prefeitura retire o lixo; pagamos a taxa de iluminação pública para que haja iluminação nas vias públicas…
IMPOSTO – Tipo de tributo para o qual não há uma contrapartida específica. Nós pagamos Imposto de Renda porque temos renda; pagamos IPTU, porque temos uma casa, um apartamento, um terreno; pagamos IPVA, porque temos um automóvel, um barco, um avião…
 TRIBUTO – É um termo genérico. Engloba taxas, impostos e contribuições.  É tudo aquilo que pagamos para viver na “tribo”, ou seja, em sociedade. Daí o tribuno para nos representar e o tribunal para julgar os que vivem na tribo.


Qual é o plural de SEM-TERRA?

Pergunta de vários leitores: “Muitos usam a palavra “sem-terras” no singular, outros no plural. Qual é o certo?”

As palavras compostas com a preposição SEM, tipo sem-terra e sem-teto são invariáveis. Devemos dizer “os sem-terra” e “os sem-teto”.

Não seguem, portanto, a regra que manda flexionar o segundo elemento (=substantivo) quando o primeiro for invariável (=preposição): contra-ataques, vice-campeões.

É preciso usar moderação para compreender a língua portuguesa - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa



É preciso usar moderação para compreender a língua portuguesa

Muitos leitores que me questionam sobre o fato de frequentemente eu afirmar que determinada dúvida não se trata de um problema do tipo certo ou errado.

Em razão disso, vou reproduzir uma coluna já publicada aqui.

O primeiro destaque é o professor Walmírio Macedo, mestre a quem muito respeito. Tive a honra de merecer um fax que é um verdadeiro tratado sobre o ensino da nossa querida língua portuguesa.

Reproduzo aqui alguns trechos para que os leitores possam tirar suas próprias conclusões:

“Passou-se a defender que tudo é certo. O mal que esse tipo de colocação provocou no ensino da Língua Portuguesa no Brasil foi muito grande, pois criou um desinteresse geral pelos estudos da língua propriamente dita, colocando nas escolas no seu lugar o estudo de conceitos linguísticos. Infelizmente, isso causou um atraso. É bem verdade que vivíamos uma época de exagerado ensino gramatical, de ensino da gramática pela gramática. Mas a substituição foi pior. Graças às colunas de Língua Portuguesa, o interesse pelos estudos da língua parece retornar ou reavivar.

Não se pode nem se deve ser radical em nenhum campo da vida humana. Todo usuário da língua tem de se preocupar em conhecer os elementos mínimos que lhe ofereçam a opção de uma linguagem padrão oficial, geral. Como temos de usar determinadas roupas para determinadas ocasiões, temos de ter a nossa linguagem, a linguagem apropriada. Dessa forma, o conceito de correto e incorreto pode coincidir com o de adequado e inadequado.”

O segundo destaque é o nosso querido mestre Evanildo Bechara. Vejam o que ele disse a respeito do conceito de certo e errado:

“Até bem pouco tempo, a língua foi vista como um organismo homogêneo e unitário, e a linguística veio mostrar que não, que a grande característica da linguagem humana é a variedade, porque ela acompanha o homem e, como o homem não é igual numa mesma sociedade, a sua expressão linguística não pode ser igual. Então os linguistas procuram mostrar que a linguagem se caracteriza pela sua multiplicidade de realidades.

Então, o que é correto na língua? É tudo aquilo que está de acordo com uma tradição. Correto é tudo que está na norma de uma realidade. Ora, como na língua há diversas realidades, uma língua não é um sistema, é um conjunto de sistemas, cada sistema tem a sua norma. Se existe uma comunidade que diz “chegar em casa”, essa é a norma da comunidade; se existe uma outra comunidade que diz “chegar a casa”, essa é a norma.

Agora, em casa nós comemos peixe e carne com o mesmo talher, bebemos água e vinho no mesmo copo. Essa é a norma. Mas, se formos a um restaurante sofisticado, encontramos o copo de vinho, o copo de água, o talher de carne, o talher de peixe. O que isso significa? Isso significa que acima das normas, existe a etiqueta social. Então, o que é correto? A palavra correto já não serve. A palavra que se vai usar é exemplar. E o que é exemplar? Exemplar é aquilo que você, como pessoa de cultura, está condicionado a usar: “chegar a casa”; “faz dez anos”; “deram 10h”. Isso não é correto nem incorreto, é o exemplar. É aquilo que pessoas, através das gerações, escolheram como modelos exemplares. E onde está essa exemplaridade? Está nas boas gramáticas, nos bons dicionários, e no uso efetivo dos escritores modelares, nos escritores clássicos.”

Aqui estão as opiniões de dois grandes estudiosos da nossa língua.

Como todos podem observar, nada de radicalismos. É por isso que, sempre que possível, tento fugir do tradicional conceito do certo e errado.

Prefiro a moderação, o conceito de adequação. Isso não significa aceitar o “erro”. Isso significa analisar caso a caso, ter bom senso, ver que determinados fatos linguísticos podem ser adequados em certas situações, observar com mais atenção os casos polêmicos, estar atento às transformações da língua, ouvir os especialistas e ter a humildade de pedir a opinião dos seus leitores.

Em qualquer festa, um croquete bem feito tem seu valor.



CRASE?

Internauta quer saber se na frase “…sua competência aliada a forte dose de bom humor tem contribuído para melhorar meu desempenho profissional…” está faltando o acento da crase.

Ela pergunta: “em aliada a forte dose de bom humor, usa-se ou não a preposição?”

Há preposição, mas não ocorre a crase: “…aliada a forte dose de bom humor…”

A preposição “a” é exigência do adjetivo “aliado”: aquilo que está aliado está aliado “a” alguma coisa.

Não ocorre crase por falta do artigo definido feminino “a”. A tal “forte dose de bom humor” está usada num sentido genérico (= sem artigo definido). É como se fosse: “sua competência está aliada a uma forte dose de bom humor”. Repare na ausência de artigo definido, caso fosse um substantivo masculino: “…sua competência está aliada a forte empenho…”

Portanto, não ocorre a crase porque temos apenas a preposição “a”.



Avaliação técnica-econômica ou técnico-econômica?

O correto é “avaliação técnico-econômica”.

Quando temos um adjetivo composto, somente o segundo elemento se flexiona: “candidatos social-democratas”, “olhos azul-claros”, “questões luso-brasileiras”, “problemas político-econômicos”…


Fonte: G1 Dicas de Português